Deste os seus primórdios,
as pessoas desenvolveram muitos conceitos sobre a existência de Deus e sua
substância, alguns desses influenciados pelas correntes filosóficas.
Teólogos influenciados
pelo estoicismo, como Tertuliano, dada a sua cosmovisão materialista, pensavam
em Deus como um Ser físico, ainda que feito de algum tipo de material leve e
tênue, como o fogo. Os estoicos argumentavam que apenas um fator físico pode
influenciar o mundo físico. Se Deus não fosse uma entidade física, ele não
seria capaz de fazer nada e por conseguinte, não existiria. Parece ser esta
também a posição dos saduceus, observe em Atos 23.8.
Outros pensadores cristãos
foram influenciados pelo platonismo, como Orígenes. Para estes, a distinção
elaborada por Platão entre o mundo físico inferior, que vemos à nossa volta, e
o mundo intelectual superior, que não vemos, mas é real, combinava
perfeitamente com o Cristianismo. Segundo estes teólogos, Deus fazia parte do
mundo intelectual , por essa razão, não era um ser físico, não tinha um corpo
material. A única possibilidade de encontrá-lo era por iniciativa da mente.
Os mórmos, da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, creem que Deus tem um corpo tangível.
Joseph Smith, seu fundador, escreveu: “O
Pai possui um corpo de carne e osso, tangível como o corpo humano. O Filho
também. Mas o Espírito Santo não tem corpo de carne e osso; ele é uma
personificação do Espírito. Se não fosse assim, o Espírito Santo não poderia
habitar em nós”.
Por Deus ser Espírito, é
tanto pecado quanto tolice fazer qualquer imagem ou desenho de Deus. Observe em
Ex 20.5; Dt 5.8-9. Nossas mãos são tão incapazes de formar uma imagem dele ou
desenhá-lo como são incapazes os nossos olhos de vê-lo.
Muitos cristãos
acreditavam não apenas que Deus era material e físico, mas também que possuía
algo semelhante ao corpo humano tendo em vista que a Bíblia fala das mãos,
ouvidos, dos olhos, das costas, dos braços e etc. Porém estas partes corporais
fazem parte de uma linguagem simbólica e analogias para podermos compreender
esse Deus.
Alguns
estudiosos têm asseverado que um Deus definível não é Deus, pois, Deus não pode
caber dentro de uma definição. Todavia,
a definição neste caso não tem sentido de delimitação, mas didático. Um
catecismo cristão antigo definia Deus da seguinte maneira: “Deus é um
Espírito perfeitíssimo, criador do céu e da terra.” O breve catecismo que
sucedeu ao longo, no sul da Alemanha a partir de 1529, dispunha que: “Deus é
um Espírito, infinito, eterno e imutável em se ser, sabedoria, poder,
santidade, justiça, bondade e verdade”.
ANTROPOMORFISMO
“É Deus usando as partes
humanas para se expressar por meio de analogias como se ele fosse humano. Serve
para trazer o infinito ao alcance do finito de forma que seja compreendido”.
Deus não pode ser
percebido pelos sentidos humanos, pois é espírito eterno, infinito e invisível.
Sendo Ele espírito, é invisível, sem substância material,
sem partes ou paixões físicas, portanto, é livre de todas as limitações temporais.
Deus, na qualidade de espírito, deve ser compreendido não pelos sentidos do
corpo, mas antes, pelas faculdades da alma, vivificadas e iluminadas pelo
Espírito Santo.
Estas representações do
Antropomorfismo a seguir aludem à Sua obra, em sentido figurado, e não à Sua
natureza invisível. Nelas são manifestos os Seus interesses, poderes e
atividades.
a) Os olhos falam do Seu
conhecimento (Dt 11.12; Sl 34.15);
b) Os braços e mão falam
da Sua eficiência e poder (Ez 20.33; Is 59.1);
c) Os ouvidos se referem a
Sua onisciência e atenção (2 Cr 7.15,16; Sl 34.15);
d) A face refere ao Seu
favor (Sl 27.9; 143.7);
e) A boca fala da revelação da Sua vontade (Jó 37.2; Pv
2.6);
f) As narinas aludem a aceitação das nossas orações (Dt
33.10; Ap 8.3,4);
g) O coração representa a sinceridade das Suas afeições
(Gn 6.6; 2 Cr 17.19);
h) Os pés falam da Sua presença (Is 60.13; 66.1);
i) Os ouvidos referem a Sua prontidão em ouvir as
súplicas dos oprimidos (Ex 3.7; Sl 34.15; Ne 1.6; Jr 33.3).
ANTROPOPATISMO
“É a tentativa de Deus se
expressar, referindo-se aos sentimentos humanos como se ele tivesse os tais”.
a) Amor - Ap 3.19 “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e
arrepende-te”. Deus, portanto, há de ser pessoal, pois o amor é pessoal. O
amor subentende três elementos essenciais da personalidade, a saber: intelecto,
sensibilidade e vontade.
b) Tristeza - Gn 6.6 “Então, arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra, e
pesou-lhe em seu coração”. A tristeza é uma emoção pessoal que aqui é
atribuída, devido à atitude pessoal e às ações dos homens.
c) Ira - I Rs 11.9 “Pelo que o Senhor se indignou contra Salomão, porquanto desviara o
coração do Senhor, Deus de Israel, o qual duas vezes lhe aparecera”. A ira,
aqui, é um ressentimento pessoal de Deus, ainda que santo, e que Ele sentiu
contra Salomão por causa de sua perfídia e infidelidade, depois de ter sido tão
altamente favorecido e honrado. Somente uma pessoa seria capaz de tal
ressentimento.
d) Zelo - Dt 6.15 “Porque o Senhor, teu Deus, é um Deus zeloso no meio de ti, para que a
ira do Senhor, teu Deus, se não acenda contra ti e te destrua de sobre a face
da terra”. O zelo ou ciúmes de Deus, diferentemente do ciúme humano, é
santo. Trata-se simplesmente de Seu interesse por Seu santo nome. Sua vontade e
Seu governo. Não obstante, é um elemento pessoal e revela a personalidade de
seu possuidor.
e) Ódio - Pv 6:16 “Há seis coisas odiadas pelo Eterno e a sétima é uma abominação para
Sua alma”.
f) Alegria - Ne 8.10 “...a alegria do Senhor é a nossa força..”